domingo, 13 de março de 2011

Após sofrimento, haitianos encontram emprego e solidariedade em Manaus

13 Mar 2011 . 11:33 h . Mônica Dias . 
Os haitianos ainda não tiveram a oportunidade de conhecer toda a cidade, mas foram levados pelos amigos do trabalho para o desfile das Escolas de Samba e para a Banda do Galo no Carnaval.




Manaus - Haitianos encontram emprego e solidariedade em Manaus. Há seis meses, Justin Jean Wilken de 26 anos, e Mepricia Charles, de 36, vieram para a cidade e conseguiram um emprego por intermédio da Pastoral do Imigrante da Igreja Católica, que em uma parceria com a Associação de Brasileira de bares e Restaurantes  do Amazonas (Abrasel AM), conseguiu as vagas de garçom e auxiliar de cozinha para os dois no Resturante Casa do Alemão, na estrada da Ponta Negra, São Jorge, em cima do bar Porão do Alemão.
Desde então, Justin e Mepricia estão se estabelecendo na cidade, e não pensam em sair daqui. Os dois deixaram do Haiti há dois anos, antes do terremoto, por causa das guerrilhas, e conseguiram abrigo no Equador. Mas lá enfrentaram muito preconceito da população, e também não conseguiram se adaptar com o frio. Então, pediram auxílio da Pastoral e conseguiram chegar à Manaus, passando antes por Tabatinga.
Os dois, apesar de muito tímidos, permitiram que a equipe do d24amfizesse uma pequena entrevista, e a videoreportagem. Eles deixaram seus pais e irmãos no Haiti, e se emocionaram quando os questionamos a respeito do terremoto. Justin perdeu a irmã de 29 anos na tragédia, e Mepricia perdeu a mãe  em novembro do ano passado, por conta da Cólera, doença que após o terremoto matou 2,1 mil pessoas e deixou 11 mil doentes (dados da Rádio Vaticano).
Justin conheceu Mepricia e seu marido em um dos alojamentos da Pastoral, onde ficaram amigos, e permaneceram até conseguirem dinheiro para alugar uma casa na Cidade Nova, onde residem atualmente. Ambos consideram Manaus uma cidade bastante acolhedora, e gostam muito de viver aqui, só sentem muita saudade dos familiares, com quem falam toda semana por celular.
Os haitianos ainda não tiveram a oportunidade de conhecer toda a cidade, mas foram levados pelos amigos do trabalho para o desfile das Escolas de Samba e para a Banda do Galo no Carnaval, onde se divertiram muito. A gerente do restaurante, Andréa Felix, está muito satisfeita com o trabalho dos dois. "Eles são muito educados e prestativos, são ótimos profissionais". diz a gerente, que está planejando um passeio para apresentar os pontos turísticos da cidade, como o encontro das águas e o Teatro Amazonas.
A respeito de seus sonhos, os dois almejam algo bem simples: conseguir viver dignamente.
Sobre a Pastoral do Imigrante
Justin e Mepricia conseguiram emprego por saberem falar portugês, além das linguas natais francês e crioulo, mas vários haitianos enfrentam dificuldades quando o assunto é emprego. Para isso a Pastoral oferece aulas de português, feitas por professores voluntários.
Os haitianos refugiados ficam em Tabatinga (1105 km de distância da capital) até conseguirem dinheiro para chegar à Manaus. Aqui podem ficar em um dos quatro alojamentos (São Raimundo, Coroado, São Geraldo e Monte das Oliveiras), ou em um dos 20 kitnets que a Pastoral disponibiliza.
Segundo a responsável pelo alojamento do São Raimundo, Daiana Deyse, hoje aproximadamente 200 haitianos encontram-se alojados.
Para entrar em contato com a Pastoral basta ligar (92)9305-6795.

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